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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Os sambas mais marcantes da história
Este ano, o samba completa cem anos de existência. Nesse período, milhares de canções foram compostas e interpretadas por grandes nomes. Músicas que povoaram o imaginário popular, definiram nossa identidade cultural e mudaram para sempre a cara da música brasileira. Dentro deste vasto universo de composições, muitas marcaram a transformação do gênero, sobretudo, a da Música Popular Brasileira (MPB). Para identificar algumas dessas canções, buscamos a opinião de especialistas, artistas, compositores e cantores ligados à música, em especial ao samba, para saber quais tornaram-se símbolos deste ritmo e deixaram sua marca na história cultural do Brasil.

Legado de muitos
Autor de mais de duas mil canções, das quais mais de mil foram gravadas, o compositor e poeta Paulo César Pinheiro preferiu citar duas músicas compostas por ele: O Samba bate outra vez, criada com Maurício Tapajós e O samba é meu dom, feita em parceria com Wilson das Neves. Em ambas, Paulo César menciona o nome mais de 100 compositores e cantores de samba que foram fundamentais não somente para a história, mas, principalmente, para a evolução do gênero. "Estamos falando de cem anos de música ou de um espaço de tempo ainda maior se considerarmos o período anterior à gravação do primeiro samba, em 1916. Elencar obras é uma tarefa sem fim", justifica.
Momentos decisivos do samba
O pesquisador de Música Popular Brasileira Ricardo Cravo Albin acredita que o grande marco do samba ainda é a gravação de Pelo Telefone, registrada por Donga e Mauro de Almeida em 1916. "Naturalmente esta canção é dos pontos mais decisivos da história porque é o início oficial do samba como gênero musical", disse.
Na sequência, Albin destaca "duas juras", sendo a primeira, a música Jura, um samba-maxixe de autoria do Sinhô e a segunda, Se você jurar, do fundador das escolas de samba, Ismael Silva, em parceria com Newton Bastos. A lista de canções selecionadas por Albin incluem ainda Feitiço da Vila, de Noel Rosa, Aquarela do Brasil, Ary Barroso, Dora, de Dorival Caymmi, As rosas não falam, de Cartola, Canta, Canta minha gente, de Martinho da Vila e A Flor e o Espinho, de Nelson Cavaquinho.
Dona Ivone Lara, segundo Albin, por ser uma figura icônica do samba, com vasto repertório, deve ser lembrada pelo conjunto de suas composições. "No entanto, se tivesse que escolher uma música apenas, poderia ser Sonho Meu, que foi gravada em um duo de Gal Costa e Maria Bethânia, no disco Álibi, lançado por Bethânia em 1978", ressaltou.
Albin, que por vinte anos foi julgador oficial dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro (RJ), escolheu Aquarela Brasileira, de Silas de Oliveira, enredo da Império Serrano, em 1964 como uma das melhores músicas compostas para um desfile. "Por último, não menos importante, vale salientar a contribuição de Chico Buarque. Nesse sentido, escolho a música Samba do grande amor, uma composição primorosa", enfatizou.

Primitivistas e urbanos
Compositor, arranjador e maestro, Rildo Hora também está convencido de que mais do que músicas específicas, o samba deve ser reverenciado pelo trabalho geral de alguns compositores, responsáveis pela transformação do gênero durante várias décadas. "Muitas canções importantes foram compostas nesse período. Tivemos grandes compositores como Ary Barroso, Dorival Caymmi, os primitivos Donga, Pixinguinha, João da Baiana e todos aqueles que deram início ao movimento. O samba, como gênero musical, foi evoluindo até chegarmos a Zé Ketti, Cartola, Nelson Cavaquinho, nomes que contribuíram para sua divulgação e sua grandeza. Se samba fosse uma pessoa, teria os braços tão grandes que ele abraçaria a nação brasileira com facilidade", declarou.
A única canção escolhida de fato pelo músico foi uma composição de Dona Ivone Lara, considerada por ele, a grande "rainha do samba". Rildo, que chegou a produzir e atuar como maestro em trabalhos de Dona Ivone, ressalta que o grande diferencial dela está em sua força melódica. "D. Ivone é uma artesã da melodia. A parceria dela com Silas de Oliveira, sem dúvida, o melhor compositor de samba-enredo de todos os tempos, rendeu canções belíssimas. Entre os sambas compostos por eles e que merecem ser destacados está Os cincos bailes da história do Rio, samba-enredo da Escola Império Serrano de 1965, uma música muito emblemática", afirmou.

A força dos sambas de escola
Vindo de uma família de jongueiros e tocadores de caxambu, um dos maiores cantores e compositores de samba, Wilson Moreira, desde muito cedo teve uma participação muito ativa nas escolas de samba do Rio de Janeiro, tendo construído sua história em agremiações como Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela. Questionado sobre as músicas que mais marcaram a história do samba, o músico, criado no subúrbio do Rio, selecionou alguns dos sambas-enredos que, para ele, tiveram maior impacto em sua vida.
Dono de uma memória privilegiada, Wilson Moreira lembra não somente os sambas preferidos, como também de seus compositores e os anos em que foram lançados. "A primeira vez que desfilei em uma escola de samba foi na Mocidade, em 1958, com o enredo Apoteose do Samba. Este samba foi, na época, nota dez em harmonia e bateria, elevando a Mocidade ao grupo especial, onde permanece até hoje. Em 1974, a Mocidade também levou para a avenida um samba muito forte chamado Festa do Divino".
"A Portela me deixou muito impressionado com dois sambas intitulados Lendas e mistérios da Amazônia (1970), de autoria de Catoni, Jabolô e Valtenir e Ilu Ayê, feito para o carnaval de 1972, de Cabana e Norival Reis. Ilu Ayê marcou meu primeiro desfile pela Portela, além disso neste ano a escola sagrou-se campeã", orgulha-se.
O grande presidente, da Estação Primeira de Mangueira, em 1956 e duas canções do Império Serrano, Aquarela brasileira, de Silas de Oliveira (1964) e Os cinco bailes da história do Rio, D. Ivone Lara e Silas de Oliveira (1965), também foram apontados por Wilson Moreira como algumas das melhores composições feitas para escolas de samba. "Os sambas-enredo atuais mudaram um pouco o ritmo, em comparação com os que eram compostos no passado. Em um determinado momento, começou-se a achar que um samba mais dolente atrasava os desfiles. As apresentações dos mestres-salas e das porta-bandeiras também foram modificadas, antigamente eram verdadeiros balés. Mas foi nesse período em que alguns dos sambas mais belos foram escritos", recorda.

Agoniza, mas não morre
Dono de uma das vozes mais poderosas do samba, Neguinho da Beija-Flor, que há 40 anos é intérprete oficial da escola Beija-Flor de Nilópolis, foi categórico ao selecionar as canções que, em sua visão, modificaram a história do samba. "Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, Aquarela brasileira, de Silas de Oliveira e a A voz do morro, de Zé Ketti. Qualquer uma dessas três músicas marcou, em momentos diferentes, a entrada do samba na Música Popular Brasileira (MPB), fazendo com a sociedade olhasse para esse gênero de música de um modo completamente diferente".
O samba, de acordo, com Neguinho, é o ritmo que representa a música brasileira perante o mundo. "Atualmente, o samba, gostem ou não, é o símbolo maior da nossa identidade. Nelson Sargento afirma na música Agoniza, mas não morre que: ‘o samba agoniza, mas não morre, algo sempre lhe socorre antes do suspiro derradeiro'. Não há nada mais verdadeiro. Sempre haverá espaço para o samba e ele é parte da MPB", ponderou.
nero, sobretudo, a da Música Popular Brasileira (MPB). Para identificar algumas dessas canções, buscamos a opinião de especialistas, artistas, compositores e cantores ligados à música, em especial ao samba, para saber quais tornaram-se símbolos deste ritmo e deixaram sua marca na história cultural do Brasil.

Múltiplas vertentes
Pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e autora do livro De amor, cotidiano e outras falas na música brasileira popular (2005), Neusa Meirelles Costa declarou que o samba veio se modificando, mudando sua batida e criando múltiplas vertentes, entre as quais estão o samba de breque, samba-canção etc. "O universo do samba é muito diversificado, porém algumas canções foram emblemáticas. Entre estas músicas cito Aquarela do Brasil, de Ary Barroso e Conceição, de Jair Amorim. Além dessas, é importante incluir toda a obra de Dona Ivone Lara, por sua importância para a história do samba".
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Ana Moura - Assessoria de Comunicação/Ministério da Cultura
Fonte: Ministério da Cultura

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