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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Quatro bens no Rio de Janeiro ganham proteção federal do Iphan

Os prédios das antigas Docas Dom Pedro II; do antigo Supremo Tribunal Federal e do Instituto de Resseguros do Brasil, além de um Lampião situado no Largo da Lapa, receberam nesta quinta-feira, 24 de novembro, proteção federal. O pedido para tombamento foi analisado durante a 84ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. Os conselheiros também aprovaram o pedido de Registro do Caboclinho, manifestação cultural permanbucana. 
Antigas Docas D. Pedro II
O edifício do Armazém Central das antigas Docas D. Pedro II fica localizado em frente à área do Cais do Valongo, o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas.  A região, atualmente conhecida como “Pequena África”, é espaço simbólico para a comunidade afrodescendente que, rapidamente, após a realização das pesquisas arqueológicas, converteu o local em símbolo da luta pela afirmação de sua identidade e de sua história. 
Os projetos para as Docas D. Pedro II foram influenciados por então recentes métodos construtivos europeus, que englobavam o que havia de mais avançado em termos de tecnologia portuária, incluindo o sistema construtivo do cais e armazém, bem como sua logística.
A proposta de tombamento está respaldada nos valores histórico e etnográficos atribuídos ao edifício das Antigas Docas D. Pedro II, como um dos últimos testemunhos da obra do engenheiro André Rebouças na região portuária do Rio de Janeiro. Também registra um importante capítulo da evolução da técnica de construção e modernização da operação de portos no Brasil. 
É destacado, ainda, seu valor etnográfico pela importância para a comunidade afrodescendente, enquanto símbolo de luta pela equidade de direitos e oportunidades dessa parcela da população brasileira. Mais do que a proteção do bem, o atendimento ao pleito é uma valorização da matriz africana em nossa sociedade.
Além do edifício, a proposta de tombamento inclui ainda a Pedra Fundamental e objetos encontrados no interior da Capsula do Tempo. Ambos foram lançados em 15 de setembro de 1871 e encontrados em 2012, durante as escavações arqueológicas realizadas em uma das trincheiras do Cais do Valongo, situada na Rua Barão de Tefé (distante, portanto, da edificação, por motivos desconhecidos).
Antigo Prédio do Supremo Tribunal Federal
O edifício, do período colonial, foi palco de julgamentos históricos, como o banimento da Família Real, o habeas-corpus de Olga Benário e o mandado de segurança em favor de Café Filho, quando se viu impedido de assumir a Presidência da República. 
Construído entre 1905 e 1909, durante as reformas urbanísticas do Rio de Janeiro realizadas pelo prefeito Pereira Passos, idealizador de um concurso de fachadas para a abertura da Avenida Central, o prédio – que abriga, atualmente, o Centro Cultural Justiça Federal – é detentor ainda de valores artísticos, como um importante exemplar da arquitetura eclética do período da primeira República. Junto com outros bens já protegidos por tombamento (Biblioteca Nacional, Museu de Belas Artes, Teatro Municipal e Edifício da Antiga Caixa de Amortização), integra o conjunto urbanístico da Cinelândia. 
Sua linguagem testemunha um período da história da arte pouco reconhecido. Entretanto, passadas décadas de sua produção, o ecletismo vem, cada vez mais, sendo reconhecido pelo Iphan como parte importante da cultura brasileira, associada ao início da República, quando o país buscava sua afirmação internacional e distanciamento de suas origens coloniais. Para isso, tomava como referência e modelo a produção artística europeia.
Suas fachadas são inspiradas no neoclassicismo francês e se harmonizam com os edifícios do conjunto. O prédio incorpora, ainda, elementos de influência art nouveau, como uma escadaria em ferro, além de mármore e estruturas também em ferro, na biblioteca. O requinte nos acabamentos de piso, revestimentos, forro e decoração, além dos detalhes artísticos de seus elementos integrados, denotam a valorização do edifício.
Edifício do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB
O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939 pelo Presidente Getúlio Vargas com o objetivo de acabar com o domínio das seguradoras estrangeiras. Em 1940, os seguros contra incêndio e de transporte se tornaram obrigatórios e o IRB assimilou essa função, além de se responsabilizar pelo seguro de grandes obras federais.
O edifício foi projetado pelos irmãos M.M.M. Roberto (Marcelo, Milton e Maurício) e construído em 1944 em um novo espaço no centro do Rio de Janeiro, gerado pelo desmonte do Morro do Castelo. Foi uma das primeiras obras construídas no Brasil a empregar os chamados cinco pontos da arquitetura moderna criados por Le Corbusier: pilotis, janela em fita, estrutura independente, planta livre e terraço jardim. 
O projeto contou ainda com a participação do paisagista Roberto Burle Marx, no desenho das calçadas voltadas para a Avenida Franklin Roosevelt e na concepção do terraço-jardim, hoje não mais existente, que também contava com painéis de mosaico de autoria de Paulo Werneck. Em 1948, o prédio foi reconhecido pelo Royal Institute of Britsh Architects (RIBA) como uma das vinte melhores obras da época. 
Embora algumas características tenham sido alteradas a partir de 1985, os elementos fundamentais que caracterizam o edifício, bem como suas fachadas, estão em bom estado de preservação. A proposta prevê o tombamento do edifício por seu valor artístico, como um dos primeiros exemplares da arquitetura moderna desenvolvida no Brasil.
Lampião situado no Largo da Lapa
Desenhado por Rodolfo Bernadelli como encomenda do Prefeito Francisco Pereira Passos para sua implantação no ponto inicial da então recém-projetada Avenida Mem de Sá, foi inaugurado em 1906 e logo tornou-se um marco da nova avenida. 
Com aproximadamente 15 metros de altura, situado sobre uma base octagonal e circundado por três degraus de pedra, o lampadário, confeccionado em granito e bronze, é decorado com inscrições e motivos da fauna e da flora, além de símbolos que remetem à epopeia portuguesa dos descobrimentos. 
Além de seus aspectos estilísticos, tem ainda importância histórica, como um dos últimos símbolos das grandes obras comandadas por Pereira Passos, no início do século XX. Seu tombamento complementa a proteção de diversos outros bens já tombados pelo IPHAN na mesma região, como os Arcos da Lapa, a Igreja da Lapa do Desterro e o Passeio Público. A proposta prevê o tombamento do bem por sua importância histórica e artística. 
O Conselho 
O Conselho Consultivo que avalia os processos de tombamento e registro pleiteados ao Iphan é formado por especialistas de diversas áreas como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
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Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Imprensa Iphan-RJ

Chico Cereto - chico.cereto@gmail.com 
Telefone: (21) 2233-6334
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Fernanda Pereira - fernanda.pereira@iphan.gov.br 
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br 
(61) 2024-5511 / 2024-5512 / 2024-5513 / 99381-7543

 

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