Quatro bens no Rio de Janeiro ganham proteção federal do Iphan
Os
prédios das antigas Docas Dom Pedro II; do antigo Supremo Tribunal
Federal e do Instituto de Resseguros do Brasil, além de um Lampião
situado no Largo da Lapa, receberam nesta quinta-feira, 24 de novembro,
proteção federal. O pedido para tombamento foi analisado durante a 84ª
reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido na sede
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em
Brasília. Os conselheiros também aprovaram o pedido de Registro do
Caboclinho, manifestação cultural permanbucana.
Antigas Docas D. Pedro II
O edifício do Armazém Central das antigas Docas D. Pedro II fica localizado em frente à área do Cais do Valongo, o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas. A região, atualmente conhecida como “Pequena África”, é espaço simbólico para a comunidade afrodescendente que, rapidamente, após a realização das pesquisas arqueológicas, converteu o local em símbolo da luta pela afirmação de sua identidade e de sua história.
O edifício do Armazém Central das antigas Docas D. Pedro II fica localizado em frente à área do Cais do Valongo, o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas. A região, atualmente conhecida como “Pequena África”, é espaço simbólico para a comunidade afrodescendente que, rapidamente, após a realização das pesquisas arqueológicas, converteu o local em símbolo da luta pela afirmação de sua identidade e de sua história.
Os projetos para as Docas D. Pedro II foram
influenciados por então recentes métodos construtivos europeus, que
englobavam o que havia de mais avançado em termos de tecnologia
portuária, incluindo o sistema construtivo do cais e armazém, bem como
sua logística.
A proposta de tombamento está respaldada nos
valores histórico e etnográficos atribuídos ao edifício das Antigas
Docas D. Pedro II, como um dos últimos testemunhos da obra do engenheiro
André Rebouças na região portuária do Rio de Janeiro. Também registra
um importante capítulo da evolução da técnica de construção e
modernização da operação de portos no Brasil.
É destacado, ainda, seu valor etnográfico pela
importância para a comunidade afrodescendente, enquanto símbolo de luta
pela equidade de direitos e oportunidades dessa parcela da população
brasileira. Mais do que a proteção do bem, o atendimento ao pleito é uma
valorização da matriz africana em nossa sociedade.
Além do edifício, a proposta de tombamento
inclui ainda a Pedra Fundamental e objetos encontrados no interior da
Capsula do Tempo. Ambos foram lançados em 15 de setembro de 1871 e
encontrados em 2012, durante as escavações arqueológicas realizadas em
uma das trincheiras do Cais do Valongo, situada na Rua Barão de Tefé
(distante, portanto, da edificação, por motivos desconhecidos).
Antigo Prédio do Supremo Tribunal Federal
O edifício, do período colonial, foi palco de julgamentos históricos, como o banimento da Família Real, o habeas-corpus de Olga Benário e o mandado de segurança em favor de Café Filho, quando se viu impedido de assumir a Presidência da República.
O edifício, do período colonial, foi palco de julgamentos históricos, como o banimento da Família Real, o habeas-corpus de Olga Benário e o mandado de segurança em favor de Café Filho, quando se viu impedido de assumir a Presidência da República.
Construído entre 1905 e 1909, durante as
reformas urbanísticas do Rio de Janeiro realizadas pelo prefeito Pereira
Passos, idealizador de um concurso de fachadas para a abertura da
Avenida Central, o prédio – que abriga, atualmente, o Centro Cultural
Justiça Federal – é detentor ainda de valores artísticos, como um
importante exemplar da arquitetura eclética do período da primeira
República. Junto com outros bens já protegidos por tombamento
(Biblioteca Nacional, Museu de Belas Artes, Teatro Municipal e Edifício
da Antiga Caixa de Amortização), integra o conjunto urbanístico da
Cinelândia.
Sua linguagem testemunha um período da história
da arte pouco reconhecido. Entretanto, passadas décadas de sua produção,
o ecletismo vem, cada vez mais, sendo reconhecido pelo Iphan como parte
importante da cultura brasileira, associada ao início da República,
quando o país buscava sua afirmação internacional e distanciamento de
suas origens coloniais. Para isso, tomava como referência e modelo a
produção artística europeia.
Suas fachadas são inspiradas no neoclassicismo
francês e se harmonizam com os edifícios do conjunto. O prédio
incorpora, ainda, elementos de influência art nouveau, como uma
escadaria em ferro, além de mármore e estruturas também em ferro, na
biblioteca. O requinte nos acabamentos de piso, revestimentos, forro e
decoração, além dos detalhes artísticos de seus elementos integrados,
denotam a valorização do edifício.
Edifício do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB
O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939 pelo Presidente Getúlio Vargas com o objetivo de acabar com o domínio das seguradoras estrangeiras. Em 1940, os seguros contra incêndio e de transporte se tornaram obrigatórios e o IRB assimilou essa função, além de se responsabilizar pelo seguro de grandes obras federais.
O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939 pelo Presidente Getúlio Vargas com o objetivo de acabar com o domínio das seguradoras estrangeiras. Em 1940, os seguros contra incêndio e de transporte se tornaram obrigatórios e o IRB assimilou essa função, além de se responsabilizar pelo seguro de grandes obras federais.
O edifício foi projetado pelos irmãos M.M.M.
Roberto (Marcelo, Milton e Maurício) e construído em 1944 em um novo
espaço no centro do Rio de Janeiro, gerado pelo desmonte do Morro do
Castelo. Foi uma das primeiras obras construídas no Brasil a empregar os
chamados cinco pontos da arquitetura moderna criados por Le Corbusier:
pilotis, janela em fita, estrutura independente, planta livre e terraço
jardim.
O projeto contou ainda com a participação do
paisagista Roberto Burle Marx, no desenho das calçadas voltadas para a
Avenida Franklin Roosevelt e na concepção do terraço-jardim, hoje não
mais existente, que também contava com painéis de mosaico de autoria de
Paulo Werneck. Em 1948, o prédio foi reconhecido pelo Royal Institute of
Britsh Architects (RIBA) como uma das vinte melhores obras da época.
Embora algumas características tenham sido
alteradas a partir de 1985, os elementos fundamentais que caracterizam o
edifício, bem como suas fachadas, estão em bom estado de preservação. A
proposta prevê o tombamento do edifício por seu valor artístico, como
um dos primeiros exemplares da arquitetura moderna desenvolvida no
Brasil.
Lampião situado no Largo da Lapa
Desenhado por Rodolfo Bernadelli como encomenda do Prefeito Francisco Pereira Passos para sua implantação no ponto inicial da então recém-projetada Avenida Mem de Sá, foi inaugurado em 1906 e logo tornou-se um marco da nova avenida.
Desenhado por Rodolfo Bernadelli como encomenda do Prefeito Francisco Pereira Passos para sua implantação no ponto inicial da então recém-projetada Avenida Mem de Sá, foi inaugurado em 1906 e logo tornou-se um marco da nova avenida.
Com aproximadamente 15 metros de altura, situado
sobre uma base octagonal e circundado por três degraus de pedra, o
lampadário, confeccionado em granito e bronze, é decorado com inscrições
e motivos da fauna e da flora, além de símbolos que remetem à epopeia
portuguesa dos descobrimentos.
Além de seus aspectos estilísticos, tem ainda
importância histórica, como um dos últimos símbolos das grandes obras
comandadas por Pereira Passos, no início do século XX. Seu tombamento
complementa a proteção de diversos outros bens já tombados pelo IPHAN na
mesma região, como os Arcos da Lapa, a Igreja da Lapa do Desterro e o
Passeio Público. A proposta prevê o tombamento do bem por sua
importância histórica e artística.
O Conselho
O Conselho Consultivo que avalia os processos de tombamento e registro pleiteados ao Iphan é formado por especialistas de diversas áreas como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
-----O Conselho Consultivo que avalia os processos de tombamento e registro pleiteados ao Iphan é formado por especialistas de diversas áreas como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
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Telefone: (21) 2233-6334
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comunicacao@iphan.gov.br
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