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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Livro conta vida e obra de Mário de Andrade
Há 70 anos, morreu um dos maiores criadores e pensadores da cultura brasileira. É inegável o legado deixado por Mário de Andrade (1893 - 1945) – romancista, poeta, músico, pesquisador da cultura popular e organizador da Semana da Arte Moderna. Eduardo Jardim, bolsista-pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), se debruçou sobre a trajetória do modernista para escrever "Mário de Andrade: eu sou trezentos - vida e obra". O livro será lançado em 25 de fevereiro, aniversário da morte do escritor.
A iniciativa vai ao encontro de outras comemorações em torno do autor, cuja obra entra em domínio público em 2016, e da Semana da Arte Moderna, que completará 100 anos em 2022. Para celebrar o centenário, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pretende criar uma comissão nacional. O objetivo é ser um movimento nacional de resgate e reflexão sobre a construção de identidade.
Eduardo Jardim, que fez mestrado sobre modernismo e doutorado sobre Mário de Andrade, vê de forma positiva a iniciativa do ministro. "O modernismo continua sendo nossa principal referência para debate sobre cultura", avalia. "Mas é preciso não apenas relembrar sua importância, mas vê-la de forma crítica. Vivemos um momento diferente daquele da década de 1920."
Modernismo
A Semana de Arte Moderna é um dos temas tratados no livro. Nele, Jardim aborda a vida e obra de Mário de Andrade desde os tempos de infância, marcada pelo ensino religioso, até sua morte, em 1945. "A ideia é fazer não propriamente uma biografia no sentido usual, mas buscar articulação entre obra e vida do Mario de Andrade", explica o autor. "Ele era um homem de ação e de grandes projetos. Foi diretor do Departamento de Cultura de São Paulo. Era um personagem que incorporava um ideal de transformação da vida brasileira a partir da reforma da cultura."
Para Jardim, Mário de Andrade é referência central para discutir qualquer problema de cultura brasileira, na arte, literatura, política cultural e até funcionamento de agências de apoio a cultura. Um dos fatos que chama a atenção do autor sobre Mário de Andrade são últimos anos de sua vida, quando o escritor sente-se frustrado e em depressão.
Em 1935, Mário foi chamado para assumir o Departamento de Cultura de São Paulo. Seu projeto era centrado na ideia de expansão cultural. "Ele queria promover a difusão da cultura erudita para as mais diversas camadas sociais, criou bibliotecas ambulantes e exposições no viaduto do chá", disse Jardim. "Ele também queria incorporar a produção cultural dos grupos que não são considerados cultos e trazer essa produção para o contexto da cultura porque não tinham estatuto de cultura."
Triste fim
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder e a implementação do Estado Novo (1937-1945), a iniciativa não foi concretizada. O sonho interrompido levou o modernista a um período de frustração. Nesta fase da vida de Andrade, o livro mostra outro lado do modernista. "Há uma diferença grande no que se conta sobre Mario de Andrade, sobre essa imagem de um autor triunfante e a realidade da vida dele, que é de alguém que viveu um projeto de inclusão interrompido e que foi cortado por perspectiva autoritária, isso é impressionante", comenta Jardim.
Mario voltou ao Rio de Janeiro (RJ) para ser professor na Universidade do Distrito Federal (UDF), mas também encontrou lá uma fonte de decepção. "Ele queria ser um reformador da Cultura. Quando sai de São Paulo, vai ao Rio para ser professor, mas o ministro Gustavo Capadema acaba com a universidade e ele fica em uma posição subalterna", lembra o autor. "Os depoimentos dele dessa época são de um cara arrasado. Ele adoece e morre aos 51 anos, sem ter visto o fim da Primeira Guerra Mundial e a queda do Estado Novo. Mario de Andrade é retratado como vitorioso, mas você vê que não foi o tempo todo.
Para escrever a obra, Jardim realizou diversas pesquisas, sobretudo na Biblioteca Nacional (BN). Coleção de livros, catálogos, periódicos e revistas modernistas serviram como embasamento para o livro. "A BN é uma das maiores do mundo. Conta com todo o acervo da obra dele, e tem uma coisa preciosa, que é a coleção de periódicos dessa época ", comenta. "Há periódicos dos próprios modernistas e uma grande quantidade de jornais e revistas da época que tratam do assunto", completa.
Uma das preocupações que o pesquisador teve foi escrever a obra de forma acessível e direcionada para o grande público. Jardim lança o livro, com cerca de 250 páginas, em 25 de fevereiro, no Rio de Janeiro.
Assessoria de Comunicação / Ministério da Cultura

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