Iphan abre consulta pública para
registro de bens culturais
Está aberto o prazo para que a
sociedade civil se manifeste sobre as propostas de registros do Maracatu
Nação; da brincadeira popular Cavalo Marinho; do folguedo Maracatu
Rural; e do sítio histórico Tava Miri São Miguel Arcanjo. O
registro concede o reconhecimento do bem cultural como Patrimônio Cultural
Brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan). A abertura do processo está disponível do Diário Oficial da União
(DOU) [clique aqui].
Após o envio das manifestações, as
propostas são analisadas por um Conselho Consultivo. Uma vez que essas
expressões têm o registro concedido são reconhecidas, formalmente, como parte
do patrimônio brasileiro. Isso garante legitimidade e torna as políticas
públicas mais acessíveis às comunidades e praticantes do bem.
As manifestações devem ser feitas por
carta, até o dia 03 de dezembro de 2014, e enviadas para o endereço:
Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural - Presidente - SEPS Quadra
713/913, Bloco D, 5º andar
Brasília - Distrito Federal - CEP:
70.390-135.
Maracatu Nação
O pedido de inserção deste festejo, no
Livro de Registro das Formas de Expressão, foi apresentado pela Secretaria de
Cultura do Governo do Estado de Pernambuco. O Maracatu Nação, também conhecido
comoMaracatu de Baque Virado, é uma forma de expressão que conjuga um
conjunto musical percussivo a um cortejo real, que sai às ruas para
desfiles e apresentações no período carnavalesco. O cortejo é
composto por um conjunto de personagens que acompanham a corte real, ou seja, o
séquito do rei e da rainha do Maracatu Nação e outras figuras como as baianas,
os orixás, as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano e
consideradas ícone dos maracatus nação – e outras que representam a realeza do
maracatu.
Esses grupos pertencem às comunidades
que estão situadas, em sua grande maioria, nos bairros periféricos da Região
Metropolitana de Recife, no estado do Pernambuco. O maracatu nação é entendido
como uma forma de expressão que congrega relações comunitárias,
compartilhamento de práticas, memórias e fortes vínculos com o sagrado,
evidenciadas por meio da relação desses grupos com os xangôs (denominação da
religião dos orixás em Pernambuco) e jurema sagrada (denominação da religião de
características afro-ameríndias). O valor patrimonial do Maracatu Nação reside
na sua capacidade de comunicar elementos da cultura brasileira e carregar
elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da população
afro-brasileira.
Cavalo Marinho
O pedido de inserção deste bem, no
Livro de Registro das Formas de Expressão, foi solicitado pela Secretaria de
Cultura do Governo do Estado de Pernambuco. Identificaram-se aspectos
relevantes para a instrução do processo do Cavalo Marinho, que se
constitui como uma brincadeira popular que envolve performances dramáticas,
musicais e coreográficas. Ela é realizada durante o ciclo natalino e seus
brincadores são, em geral, trabalhadores da zona rural, mas também ecoa na
região metropolitana de Recife e de João Pessoa, além de vários outros
territórios do País. No passado, era realizada nos engenhos de cana-de-açúcar.
O conhecimento do Cavalo Marinho é repassado de forma oral e
pode ser entendido como um grande teatro popular, no qual são representadas as
cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural por meio de: variado repertório
musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e
bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira). Nesta
manifestação encontram-se diversos elementos artístico-culturais e
sócio-históricos, como, por exemplo, a presença de mestres e de personagens e
os elementos da vivência do trabalho rural. NoCavalo Marinho constroem-se
constantemente novas identidades em cima da tradição.
Maracatu Rural
O processo para o reconhecimento do Maracatu
Rural, no Livro de Registro das Formas de Expressão, foi apresentado pela
Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, com o termo de anuência assinado
pelos representantes das comunidades produtoras do bem cultural. O Maracatu
Rural ou Maracatu de Baque Solto é reconhecido como
um folguedo que ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. É
composto por dança, música, poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona
da Mata Norte de Pernambuco. A herança imaterial deste bem é legada aos
contemporâneos por meio de gestos, performances e indumentárias e, ainda, é o
resultado da fusão de manifestações populares – cambindas, bumba- meu-boi e
cavalo marinho, coroação dos reis negros. O aspecto ritualístico perpassa o
folguedo durante todo o ano, em que se dão os ensaios ou sambadas, e também
durante as apresentações nos períodos carnavalesco e pascoal. A pesquisa
sugeriu a alteração do nome do bem para Maracatu Baque Solto.
Tava Miri São Miguel Arcanjo
A proposta de registro, no Livro de
Registro de Lugares, da Tava Miri São Miguel Arcanjo como lugar de
importância e referência cultural para o povo Guarani foi apresentada
pelos representantes das comunidades M'Byá Guarani, com apoio da Superintendência
do Iphan no estado do Rio Grande do Sul. A Tava enquanto
patrimônio cultural converge significados e sentidos atribuídos pelo povo
indígena Guarani- Mbyá ao sítio histórico que abriga os remanescentes da antiga
Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo, localizado no município de São
Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul. O sítio histórico foi constituído
como patrimônio cultural pelo Iphan, em 1938, e declarado patrimônio da
humanidade, pela Unesco, em 1983. Para os Guarani-Mbyá, a Tava é
reconhecida como local onde viveram os antepassados desta comunidade indígena.
Além disso, é considerada um lugar de referência por ser um espaço vivo que
articula concepções relativas ao bem-viver, integra narrativas sobre a
trajetória deste povo e é diariamente vivenciada como lugar de atividades
diversas e de aprendizado para os jovens. Estar na Tava aciona
dimensões estruturantes e afetivas na vida social e na memória dos Guarani-
Mbyá. Tais sentidos permitem acionar sentimentos de pertencimento e identidade.
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Mais informações para a imprensa: Assessoria
de Comunicação IPHAN / comunicacao@iphan.gov.br / Gabriela
Sobral Feitosa – gabriela.feitosa@iphan.gov.br / Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br / (61) 2024-5461 - 2024-5463 - 2024-5447 - 9381-7543
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